The Mandalorian — S02E04 — Um capítulo doutrinador

Alexandre Almeida
4 min readNov 29, 2020

(Spoilers ao longo do texto. Cuidado!)

Começamos a primeira metade da segunda temporada de The Mandalorian acompanhando a Razor Crest em frangalhos, amparada apenas pelos remendos feitos pelos Mon Calamari em Trask. E assim como a nave, esse era o estado da minha confiança para esse episódio. Explico.

No primeiro ano da série, foi no quarto episódio que começou a parte crítica da temporada. Um capítulo fraco, sem importância para a jornada da história e que foi seguido por um outro muito pior, que me fez questionar se era a ladeira para a produção.

Então, depois do ótimo capítulo 11, a minha expectativa era de que a série acabaria pisando no freio e entregaria apenas um episódio intermediário, um enche linguiça, para respirarmos até o tão esperado encontro com Ahsoka Tano, prometido na semana anterior.

Entretanto, logo na cena de abertura, o episódio acerta em cheio em uma cena simples, com Din e Baby Yoda tentando consertar uma parte da Razor Crest. A dinâmica dos dois remete diretamente ao relacionamento de Solo e Chewbacca tentando arrumar as sucatas da Millennium Falcon. É simples, fofo, engraçado e Star Wars purinho.

Os dois seguem então para o já conhecido planeta Nevarro, onde encontrarão os companheiros Cara Dune (Gina Carano) e Greef Karga (Carl Weathers), para reparar (de verdade!) a nave. Din encontra um lugar diferente daquele que deixou no season finale da primeira temporada. Sem a sombra do Império e com Cara Dune de Xerife, Nevarro vai prosperando. Entretanto, e todo episódio da série tem um entretanto que vai levar Din na missão da semana, uma base aparentemente abandonada do Império ainda contém diversos armamentos, que podem cair em mãos erradas e acabar com a paz do planeta. O mandaloriano, então, partirá para ajudar seus companheiros a destruí-la.

E é aí que The Mandalorian ganha um dos seus episódios mais dinâmicos em termos de ação. Claro que a base não está abandonada e diversos stormtroopers ainda vivem por lá. Entre um tiroteio e outro, o grupo descobre que naquela base funcionava um centro de experimentos do Império e que era para esses experimentos que o Cliente, lá na primeira temporada, havia contratado Din e tanto queria o Baby Yoda.

Um experimento que envolve nada mais e nada menos do que utilizar os Midi-Chlorians da criança na criação de outros seres. E aí, The Mandalorian joga na nossa cara um tanque com um ser deformado lá dentro, uma experiência que ainda não deu certo. E qual seria esse experimento? Tudo leva a crer que é ali o começo da criação de Snoke, a marionete de Palpatine, que liderava a Primeira Ordem. Com isso, Dave Filoni e Jon Favreau parecem trabalhar para arrumar a bagunça deixada pela Lucasfilm em Ascensão Skywalker. A citação de um novo começo para o Império ao final do episódio só corrobora com isso.

Depois dessa revelação bombástica, a série ganha a sua melhor cena de perseguição, envolvendo uma espécie de “caveirão” do Império, roubado pelo grupo de heróis, speeder bikes e Tie Fighters. Não vou mentir. Ao final dessa cena, com Din reaparecendo (ele havia voltado para a cidadela para proteger Baby Yoda depois da revelação do experimento), pilotando a Razor Crest, abatendo um Tie Fighter e dando um cavalo de pau com a nave para pegar outra de frente, me fez soltar um “CARALHO!!”. Até hoje a série não havia conseguido esse feito. Tenho certeza que Han Solo ficaria orgulhoso da manobra.

“The Siege” é um episódio fantástico, que expande a jornada de The Mandalorian, liga a história com fatos mais “importantes” da saga do cinema e prepara terreno para o grande encontro com a Jedi, que um dia fora aprendiz de Anakin Skywalker. Mas o que mais me impressionou no episódio foi o final. Não, não foi o ótimo momento em vemos Moff Gideon e seu batalhão de Dark Troopers preparados para perseguir um rastreador implantado na Razor. Foi ler que Carl Weathers havia dirigido o episódio.

Sim! Carl “Apollo ‘Doutrinador’ Creed” Weathers dirigiu um dos melhores episódios da série. Superando figurões, como os próprios “donos” de The Mandalorian, Jon Favreau e Dave Filoni, e entregando uma direção consciente, empolgante, que sabe o momento certo de parar e mostrar o fan service e que fez esse fã de Star Wars, que aqui escreve, vibrar como ele fez ao longo de vários momentos da saga. E vou confessar, foi difícil me controlar e não utilizar trocadilhos de boxe neste texto.

Que venha Ahsoka. Agora a bola tá com o pai (de Mandalorian) Filoni.

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Alexandre Almeida

Cinema, TV e música. Cinéfilo na veia, música em todos os tempos livres e TV naquela hora do sofá.